segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A depressão nos Cães


Durante muito tempo, tanto o grande público como os veterinários ignoraram que o cão podia sofrer de estados depressivos. Qualquer diminuição voluntária da atividade motora era atribuída a uma patologia subjacente ou ao envelhecimento. No entanto, a depressão já era induzida experimentalmente em cães para o teste de novos medicamentos destinados à psiquiatria humana.

As depressões começaram a ser diagnosticadas e tratadas há alguns anos, quando se começou a desenvolver o estudo das patologias do comportamento. A depressão é um estado particular das estruturas emocionais que se pode manifestar clinicamente de várias maneiras. Por isso se fala em depressões em vez de depressão.

O sistema nervoso compõe-se de células especiais, os neurônios, interligadas por prolongamentos citoplasmáticos, as dendrites, bastante curtas, e os axônios, multo mais longos. Em cada ponto de "ligação" entre dois neurônios, existe um espaço microscópico, o espaço sináptico, ocupado pelos transmissores químicos ou "neurotransmissores’. No indivíduo deprimido, o mau funcionamento das conexões é devido a uma insuficiência de neurotransmissores, impedindo a condução normal do impulso nervoso. É por causa disso que o indivíduo deprimido se torna indiferente ao ambiente que o rodeia e incapaz de agir voluntariamente.

Assim, CITI todas as formas clínicas, o cão deprimido é um indivíduo apático, inativo, que não se interessa absolutamente pelo que o rodeia e que manifesta um estado de angústia permanente. No entanto, este estado pode se alternar com outros de agitação, característicos de uma das formas clínicas.

Na realidade, existem diferentes formas clínicas da depressão, que passamos a enumerar.

A DEPRESSÃO DE REAÇÃO

Como o nome indica, trata-se de uma depressão provocada por um stress ou um choque emocional grave. Perante (qualquer agressão violenta, o organismo saudável pode responder com um estado depressivo transitório, que não ultrapassa os oito ou dez dias e evitando que o sistema nervoso receba uma sobrecarga de estímulos negativos. Esta situação regride espontaneamente e, portanto, acredita-se que não é preciso tratar a depressão reativa nos oito dias após o choque entoe tonal.

A depressão (isto, é reação do cão começará a ser patológica depois de ultrapassado esse prazo. Caracteriza-se por uma indiferença total pelo que o rodeia; o animal fica prostrado, deixa escapar alguns lamentos e não tem qualquer atividade, não come e bebe muito pouco ou mesmo deixa de beber.

As causas podem ser divididas em dois grupos:

— situações de perda, tais como o desaparecimento de um membro da família, abandono, a morte de um semelhante ou de outro animal com o qual tinha uma relação preferencial;

— conseqüência de agressão, corno um treinamento violento, pequenos acidentes na via pública, erros de educação acompanhados de castigos severos (violência) por um comportamento agressor.

Se não houver uma volta espontânea à normalidade, ocorrera uma evolução para o agravamento do estado depressivo, com passagem à outra forma de depressão que é a regressiva.

O tratamento desta forma de depressão tem resultados muito satisfatórios, com porcentagens de sucesso que variam entre setenta e oitenta por cento) dos casos, com recuperação ao fim de quatro a seis semanas de tratamento (e supressão definitiva da medicação). Consiste na administração de antidepressivos, geralmente associados a uma terapia comportamental.

Qualquer cão em aparente estado de depressão de reação (ou de qualquer outra forma) deve ser examinado por um veterinário, que verificará se não existe alguma causa para a apatia. É importante assegurar-se de que o cão esteja se alimentando normalmente, caso contrário, deve-se forçar a alimentação, podendo ser necessária a administração parenteral.

A DEPRESSÃO DE REGRESSÃO

É uma depressão muito grave, caracterizada por um progressivo desaparecimento dos comportamentos adquiridos (em particular as ordens simples e a higiene) e pelo regresso a comportamentos infantis (em particular a exploração oral).

Afeta, principalmente, o cão muito velho (em geral, os primeiros sintomas aparecem por volta dos sete ou oito anos) ou que já antes tenha tido uma depressão reativa. O animal cessa, quase que totalmente, de se movimentar, chora durante horas, faz as necessidades debaixo de si mesmo e engole tudo o que encontrar nos seus escassos deslocamentos. Não é raro este cão precisar ser tratado pela ingestão de corpos estranhos.

A origens da depressão deve ser procurada em:

— uma depressão de reação não tratada, com oito ou dez dias de existência;

— um antigo estado ansioso que tenha evoluído, progressivamente, para a depressão (processo de regressão).

— uma síndrome de privação.

Quando o quadro clínico se completa, o estado do doente cessa de evoluir, embora esta patologia seja de uma gravidade suficiente para modificar profundamente a vida do cão e causar muitos problemas.

No entanto, o tratamento dá resultados espetaculares. Na realidade, registram-se mais de setenta e cinco por cento de curas e o desaparecimento dos sintomas mais penosos em uma ou duas semanas. Consiste, essencialmente, na administração de antidepressivos e ansiolíticos, completada com ergoterapia. A sua eficácia será tanto maior quanto mais precoce for a consulta.

Das patologias depressivas que não parecem estar associadas a qualquer predisposição genética, duas já foram vistas. A primeira é a depressão reativa, que, em um estágio primário, pode ser uma reação de proteção do organismo, sendo por isso espontaneamente reversível. A segunda, a depressão de involução, é um agravamento da depressão reativa quando não ocorre a regressão, acarretando um estado de extrema desestruturação psíquica. Fora estes dois casos, os outros tipos de depressão verificados no cão adulto parecem estar associados a algum fator hereditário.

A DEPRESSÃO CÍCLICA

A depressão cíclica, relativamente freqüente, afeta os indivíduos entre os sete e os dez anos, observando-se mais nas fêmeas (65 a 67,5%) do que nos machos (32,5 a 35%).

Caracteriza-se pela sucessão de ciclos de depressão e de hiperatividade estereotipada, com uma duração que vai de quinze dias a dois meses. As fases de depressão não se manifestam de um modo especial e o animal apresenta as características reativas de todos os cães deprimidos (indiferença, tristeza, anorexia, perda dos comportamentos aprendidos).

Em compensação, as fases de hiperatividade estereotipada são surpreendentes. O cão apresenta um período de hipersensibilidade a todos os estímulos. Mostra-se muito expansivo’, ofegante e está sempre alerta. As suas horas de sono reduzem-se muito: já se observou um exemplar que dormia apenas três horas por dia e que não parecia absolutamente cansado. A manifestação mais típica, no entanto, é, sem dúvida, a repetição de uma mesma seqüência comportamental, que se classifica como estereotipada, durante os períodos em que o animal está intensamente estimulado. Este estado pode se revelar em um grande número de atividades: dar voltas atrás da própria cauda, levantar ritmicamente uma pata, dar pequenas mordidas em um objeto, caminhar durante horas seguindo um mesmo trajeto. As fêmeas são particularmente afetadas e tem-se observado o aparecimento da doença em fêmeas de três gerações sucessivas da mesma linha.

O que você deve saber sobre Anti-depressivos:

Só devem ser utilizados quando prescritos pelo médico veterinário. Cabe a ele escolher o adequado e estabelecer a dose de acordo com o peso do animal.

O efeito dos anti-depressivos não é imediato. São necessários alguns dias para que o medicamento atinja os níveis eficazes. Eles podem causar dependência e não se deve parar bruscamente de administrá-los ao animal. A dose deve ir diminuindo progressivamente, até que seja totalmente eliminado, se possível.

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